segunda-feira, 20 de julho de 2009

Quando é que a vida é filme?

Esse blog surge com a ideia de registrar certos momentos da vida que parecem filme.

Já há algum tempo me dedico a procurar perceber esses instantes.
Digo perceber porque, muitas vezes, eles são rápidos e, sempre, passageiros como instantes fotográficos mesmo.
Quanto a isto reconheço como o cinema está muito próximo da fotografia em seu objetivo de criar imagens que carreguem significado.
Isto pode soar óbvio, já que o cinema tem como base os fotogramas e etc. e tal, mas me refiro aqui ao ideal poético buscado por estas duas maneiras de fazer arte, ao olhar sensível aos fatos.



Esclareço, ou, ao menos, tento, com um exemplo que me aconteceu dia desses:

Semana passada eu estava no cinema esperando sentada em frente à sala na qual assistiria ao filme ("Há tanto tempo que te amo", de Philippe Claudel, só pra não deixar no vácuo).
A sala abriu e as pessoas começaram a entrar.
A sessão seria cheia, como em breve eu constataria. Decidi, então, esperar um pouco e deixar a muvuca em frente à sala diminuir um pouco.
Um casal de senhores resolveu comprar uma daquelas pipocas gigantes - no tamanho, preço e barulho - e seguiu para a entrada da sala de cinema.
De repente, a pipoca salta das mãos da senhora e ela, em desespero e em vão, ainda tenta alcançá-la.

Pipocas ao chão,
pessoas em polvorosa entrando na sessão de cinema,
algumas desviando,
outras desistem;
Pisam,
passam a pisar
E então, acontece:

o barulho: CROCK, CROCK, CRECK, CROCK, CRECK...

A senhora ainda se importa, mas só por um tempo.
O marido faz um gesto,
- Desista!
e ela entra, resignada, ao seu lado.

O som, no entanto, fica.

E que som inesperadamente belo...

Pois é, tipo assim.
=)

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