quinta-feira, 30 de julho de 2009

Fofoca, chatice e Annie Hall


Hoje eu estava almoçando na Unicamp, numa daquelas lanchonetes de universidade nas quais as mesinhas ficam tão juntas umas das outras que, ou escutamos a conversa alheia, ou acabamos sendo escutados.

Juro que ainda tentei - um pouco - continuar assistindo ao Globo Esporte.
Estava realmente interessada em ouvir sobre a última rodada do Brasileirão, mesmo o Marcelinho Carioca Vira-Casaca tendo marcado pelo Santo André um gol de falta (bonito, confesso!) contra o meu Corinthians...
Bom, mas isso já é outro assunto!

Um homem e uma mulher, sentados frente a frente, falavam sobre trabalho.
Consegui entender que eles dois trabalhavam juntos em algum ramo administrativo da própria universidade.

Falavam muito dos demais colegas que não estavam presentes e, detalhe, sempre mal, muito mal.
Não só do trabalho exercido por eles, mas também, e muito, da vida pessoal de cada um destes colegas.

A cada novo nome "jogado para cima" a mulher afirmava com convicção:
- Não é querendo falar mal, mas...
E destilava sem pena o veneno contra os colegas de trabalho.

O interessante foi me ver sentindo como naquela cena de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (Annie Hall, 1977), de Woddy Allen, na qual ele, na fila de um cinema com Annie escuta um cara monopolizando uma conversa com uma mulher, falando sem parar sobre os mais diversos temas pseudointelectuais; ou seja, um verdadeiro chato.

De repente, o cara faz uma afirmação garantindo estar baseado em algo dito pelo teórico da comunicação Marshall McLuhan.



O personagem de Woddy Allen, então, não mais suportando o chato que praticamente "cospe em seus ouvidos", se vira para ele e o encara, duvidando que aquilo seja mesmo uma frase de McLuhan.
Eles discutem e Woddy caminha, puxando o homem para fora da fila, indo dar de cara com um senhor no canto do cenário.

Woddy, então, apresenta o senhor: é o próprio Marshall McLuhan!

Questionado sobre se fez ou não a tal afirmação, McLuhan nega.
Ele diz ao chato:
- Você não sabe nada sobre meu trabalho.
Você nega toda a minha teoria ao afirmar algo assim!

O chato se cala e Woddy Allen, satisfeito, olha em nossa direção, dizendo:
- Como seria bom se na vida real também pudéssemos fazer assim, não?

Adoro essa cena!

Um comentário:

  1. Meu tempo está se acabando. Só tenho até a próxima sexta pra falar mal de você nas suas costas. Afinal, como diria Ariano, falar mal dos outros na frente é, além de falta de vergonha, uma tremenda falta de educação. =)

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